terça-feira, 31 de maio de 2011

A VINGANÇA DE INANNA

Shukallituda,
Quando deitava água nos regos,
Quando cavava sulcos ao longo dos canteiros,
Tropeçava nas raízes, era arranhado por elas;
Os ventos furiosos, com tudo o que trazem,
Com a poeira das montanhas, fustigavam-lhe o rosto,
No seu rosto e mãos,
Eles sopravam a poeira, e ele já não reconhecia os seus (...)
Ele então levantou o seu olhar para as terras do sul,
Olhou as estrelas do leste,
Levantou os olhos para as terras do norte,
Olhou para as estrelas do oeste,
Contemplou o Céu, onde se inscreviam os auspícios,
Aprendeu os presságios inscritos no Céu,
Neles aprendeu a observar as leis divinas,
Estudou as decisões dos deuses.
No jardim, em cinco para dez lugares inacessíveis,
Em cada um destes lugares plantou uma árvore como sombra protectora,
A sombra protectora da árvore, a árvore sarbatu de muita folhagem
A sombra que ela dá ao alvorecer,
Ao meio-dia e ao crepúsculo nunca desaparece.
Ora, um dia, a minha rainha, depois de ter atravessado o Céu, atravessado a Terra,
Inanna, a minha rainha, depois de ter atravessado o Céu, atravessado a Terra,
Depois de ter atravessado Elam e Shubur,
Depois de ter atravessado (...),
A hierodula (Inanna), exausta, aproximou-se do jardim, deixou-se adormecer,
Shukallituda viu-a do extremo do seu jardim,
Possuiu-a, beijou-a,
E regressou ao extremo do seu jardim.
Ao alvorecer, quando o sol se ergueu,
A mulher olhou à sua volta horrorizada.
Inanna olhou à sua volta horrorizada.
Então, a mulher, por causa do seu sexo, que mal fez!
Inanna, por causa do seu sexo, que fez ela!
Encheu de sangue todos os poços do país,
Encheu de sangue todos os bosques e jardins do país,
O escravos (varões) que vinham buscar lenha para o lume só tiveram sangue para beber,
Os escravos (fêmeas) que vinham buscar água só tiveram sangue para levar,
"Eu quero encontrar aquele que me possuiu procurando em todas as terras", disse a deusa.
Mas ela não encontrou aquele que a tinha possuído,
Porque o homem entrou em casa de seu pai,
Shukallituda disse a seu pai:
"Pai, quando deitava água nos regos,
Quando abria sulcos ao longo dos canteiros,
Tropeçava nas raízes, era por elas arranhado;
Os ventos furiosos, com tudo o que eles trazem,
Com a poeira das montanhas, fustigavam-me o rosto,
No meu rosto e mãos,
Eles sopravam a poeira, e eu já não reconhecia os seus (...)
Eu então levantei os meus olhos para as terras do sul,
Olhei as estrelas do leste,
Levantei os meus olhos para as terras do norte,
Olhei para as estrelas do oeste,
Contemplei o Céu, onde se inscrevem os auspícios,
Aprendi os presságios inscritos no Céu,
Neles aprendi a observar as leis divinas,
Estudei as decisões dos deuses.
No jardim, em cinco para dez lugares inacessíveis,
Em cada um deles plantei uma árvore como sombra protectora.
A sombra protectora da árvore – a árvore sarbatu de muita folhagem
A sombra que ela dá ao alvorecer
Ao meio-dia e ao crepúsculo nunca desaparece.
Um dia a minha rainha, depois de ter atravessado o Céu, atravessado a Terra,
Inanna, depois de ter atravessado o Céu, atravessado a Terra,
Depois de ter atravessado Elam e Shubur,
Depois de ter atravessado (...),
A hierodula (Inanna), exausta, aproximou-se do jardim, deixou-se dormir;
Eu vi-a do extremo do meu jardim,
Possuí-a, beijei-a,
E voltei para o extremo do meu jardim.
Ao alvorecer, quando o sol se ergueu,
A mulher olhou à sua volta horrorizada,
Inanna olhou à sua volta horrorizada,
Então, a mulher, por causa do seu sexo, que mal fez!
Inanna, por causa do seu sexo, que fez ela!
Encheu de sangue todos os poços do país,
Encheu de sangue todos os bosques e jardins do país,
O escravos (varões) que vinham buscar lenha para o lume só tiveram sangue para beber,
Os escravos (fêmeas) que vinham buscar água só tiveram sangue para levar,
"Hei-de encontrar aquele que me possui", disse ela".
Mas aquele que a possuiu não foi encontrado,
Porque o pai respondeu ao jovem,
O pai respondeu a Shukallituda:
"Filho, conserva-te junto das cidades dos teus irmãos,
Dirige os teus passos para junto dos teus irmãos, o povo da cabeça preta,
A mulher (Inanna) não te encontrará no meio das terras".
Ele (Shukallituda) conservou-se junto das cidades dos seus irmãos,
Dirigiu os seus passos para junto dos seus irmãos, o povo da cabeça preta,
A mulher não o encontrou no meio de todas as terras.
Então a mulher, por causa do seu sexo, que mal fez!
Inanna, por causa do seu sexo, que fez ela! (...)

FONTE: http://www.pauloliveira.com/MySiteOLD/Zigurate/Zigurates.htm

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