Seu irmão, o herói, o guerreiro Utu,
Diz à pura Inanna
-Ó minha irmã, deixa que o pastor case contigo,
Ó virgem Inanna, porque não queres?
A sua nata é boa, o seu leite é bom,
O pastor, tudo o que a sua mão toca é brilhante,
Ó, Inanna, deixa que o pastor Dumuzi case contigo,
Ó tu, que estás adornada com jóias, porque não queres?
Ele comerá a sua boa nata contigo,
Ó protectora do rei, porque não queres?
Eu não casarei com o pastor,
Com o seu novo traje ele não me vestirá,
A sua fina lã não me cobrirá,
Eu, a virgem, casarei com o lavrador,
O lavrador que faz as plantas desenvolverem-se abundantemente,
O lavrador que faz a semente desenvolver-se abundantemente.
O Pastor:
O lavrador mais do que eu, o lavrador mais do que eu, o lavrador
o que tem ele mais do que eu?
Enkimdu, o homem do dique, valas e arado,
Mais do que eu, o lavrador, que tem ele mais do que eu?
Se ele me desse o seu fato preto,
Dar-lhe-ia, ao lavrador, a minha ovelha preta,
Se ele me desse o seu fato branco,
Dar-lhe-ia, ao lavrador, a minha ovelha branca,
Se ele me servisse a sua primeira cerveja,
Servir-lhe-ia, ao lavrador, o meu leite amarelo,
Se ele me servisse a sua boa cerveja,
Servir-lhe-ia, ao lavrador, o meu leite kisim,
Se ele me servisse a sua apetitosa cerveja,
Servir-lhe-ia, ao lavrador, o meu leite.
Se ele me servisse a sua cerveja aguada,
Servir-lhe-ia, ao lavrador, o meu leite de planta,
Se ele me desse os seus bons bocados,
Dar-lhe-ia, ao lavrador, o meu leite itirda,
Se ele me desse o seu bom pão,
Dar-lhe-ia, ao lavrador, o meu queijo de mel,
Se ele me desse os seus feijõezinhos,
Dar-lhe-ia, ao lavrador, os meus queijinhos;
Depois de eu ter comido, de ter bebido,
Ainda lhe deixaria os sobejos da nata,
Ainda lhe deixaria os sobejos do leite;
Mais do que eu, o lavrador, o que tem ele mais do que eu?
Disputa do Pastor e Enkimdu:
Ele alegrava-se, ele alegrava-se no barro da margem do rio,
ele alegrava-se,
Na margem do rio, o pastor na margem do rio alegrava-se,
O pastor, além disso, conduzia os carneiros na margem do rio.
Do pastor andando de um lado para o outro na margem do rio,
Dele, que é um pastor, se aproximou o lavrador,
O lavrador Enkimdu aproximou-se.
Dumuzi (...) do lavrador, o rei dos diques e valas,
Na sua planície, o pastor, na sua planície, inicia uma disputa com ele,
O pastor Dumuzi, na sua planície, inicia uma disputa com ele.
Enkimdu não quer discussões:
Eu, contra ti, pastor, contra ti, pastor, contra ti
o que poderei eu disputar?
Deixa que os teus carneiros comam a erva da margem do rio,
Nas minhas terras cultivadas deixa que os teus carneiros andem,
Nos campos brilhantes de Uruk deixa-os comer a semente,
Deixa que os teus cabritos e cordeiros bebam a água do meu unun (canal).
Dumuzi:
-Quanto a mim, que sou um pastor, no meu casamento,
Lavrador, podes ser considerado como meu amigo,
Lavrador Enkimdu, como meu amigo, lavrador, como meu amigo,
Que sejas considerado como meu amigo.
Enkimdu:
Eu trar-te-ei trigo, trar-te-ei feijões,
Trar-te-ei lentilhas...
Tu, donzela, seja o que for para ti
Donzela Inanna, trar-te-ei (...)
FONTE: http://www.pauloliveira.com/MySiteOLD/Zigurate/Zigurates.htm
Bem-vind@s! Tenho como objetivo disponibilizar e divulgar material erudito relacionado ás civilizações que floresceram na Mesopotâmia. Aqui você irá encontrar as tabuletas de argila em suas traduções literais, tal como foram escritas pelos Mesopotâmios e traduzidas pelos eruditos. O blog terá constantes atualizações e os artigos serão escritos por mim ou por outros autores, mas sempre priorizando os textos inéditos em língua portuguesa.
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